Obrigada a se casar aos treze anos com um general de 69, uma tia de Marjane Satrapi fugiu pulando o muro em plena noite de núpcias; outra mulher, que via no casamento uma porta para a vida no Ocidente, não se importou em se casar com um desconhecido: na festa de casamento ela posou para as fotos ao lado de um porta-retratos. Outra, apesar das quatro filhas, jamais viu um pênis na vida, pois o marido sempre a obrigou a transar no escuro. Se amar e desamar é uma arte difícil em qualquer lugar, no Irã tudo ganha contornos muito particulares. Neste
Bordados, o mais íntimo de seus livros, o tom épico é rebaixado para dar lugar aos dramas (muitas vezes cômicos) de mulheres comuns mas muito diferentes entre si.
Reunidas em torno do Samovar, o tradicional bule Iraniano, as personagens de Marjane desfiam suas experiências amorosas e sexuais. Num país em que a história oficial é dominada pelas práticas machistas, elas se revelam protagonistas de uma história política que nos diz muito mais sobre sua cultura.
O feminismo de Marjane Satrapi é irônico e sutil, jamais pesado e patrulheiro. E a intimidade dessas mulheres, contada com surpreendente franqueza, dá a impressão de que estamos ali na sala, ouvindo as confissões ao lado delas, com uma xícara de chá na mão.
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