Depois de quarenta anos de casados, Maggie e David Loony decidem se separar. Afastados da família, isolados numa casa de praia, os dois anunciam que não se amam mais. A notícia surpreende os filhos e netos, que vão ao encontro do casal para entender os motivos do divórcio.
Dennis, o filho mais velho, passa os dias revirando baús empoeirados, arrastando-se por túneis escondidos pela casa e decifrando cartas antigas trocadas pelos pais. Claire, a filha do meio, acieta com calma a separação. No entanto, essa aparente tranquilidade esconde uma mãe temerosa, aflita com tudo que diz respeito a filha, Jill. É, o caçula Peter, no entanto, quem melhor representa o lado disfuncional da família - os "Loony Buraco Negro", em que "cada membro é uma entidade flutuante e separada de outros membros". Solitário, ele se considera o "clichê do caçula", um estranho para o resto da família. Retratado como um sapo, vive numa luta infinita contra a insegurança paralisante.
Escrito quando Dash Shaw tinha 23 anos, Umbigo sem Fundo narra com maturidade surpreendente - e uma boa dose de humor - os conflitos individuais e familiares dos Loony que vêm a tona com o divórcio. Embora se passe num curto espaço de tempo, o livro é um verdadeiro épico familiar, moderno e surpreendente, que garantiu a este jovem artista um lugar entre os mais importantes quadrinistas da atualidade. Shaw utiliza espaços em branco, variação no tamanho dos quadrinhos e cortes rápidos em cenas simultâneas que impõem um ritmo ao mesmo tempo dinâmico e suave, em que a delicadeza do traço revela cargas máximas de tensão.
Numa narrativa que remete à célebre frase de Tolstói "Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira", Dash Shaw vai fundo ao investigar as dinâmicas mais sutis e os aspectos mais recônditos que tornam único o sofrimento dos Loony.
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